Conto de Natal - Livro Digital
No âmbito da Oficina de Escrita, realizada semanalmente na aula de Português, 10º ano, e na sequência do estudo dos textos autobiográficos e memorialísticos, os alunos foram convidados a escrever, também eles, uma carta. Eis alguns exemplos:
Foi também inventado um aparelho que emite uma série de imagens, a televisão, e que é capaz de colocar pessoas sentadas durante longas horas a praticar o “nada” sem ser olhar para ela.
É também bastante utilizado um aparelho que permite a duas pessoas em pontos distantes comunicarem entre si, “o telemóvel”. Afeta principalmente as mulheres, uma vez que, quando o usam, não o largam durante horas.
Aproveito também para falar de locais com uma dimensão enorme nos quais várias pessoas gastam grandes quantidades de “dinheiro[1]” em objetos que, na maior parte das vezes, não servem para nada.Falo-vos também “da política”. Quem se dedica a esta atividade tem por hábito “discutir aos berros uns com os outros” (às vezes, um bocado como vocês) encarando isso como uma profissão.
Poderia falar-vos de muitos outros assuntos da atualidade: o futebol, a crise económica, a corrupção e o Pinto da Costa (que não está de maneira nenhuma relacionada com o anterior), contudo a professora de Português não me deixa escrever mais, portanto vou ter de parar.
14:18 | Etiquetas: Carta a Ulisses, Escola Secundária de Nelas | 0 Comments
Atividade Escrita:
Passou já algum tempo desde a minha última “aventura”, se assim se pode chamar, mas, perante os acontecimentos destas últimas semanas, acho que valem a pena e a tinta para as escrever.
Tudo aconteceu numa noite tranquila, em Londres, há duas semanas, enquanto estive de férias.
A cidade estava coberta por um denso nevoeiro ,não podia ver para além de dois metros do nariz. Foi nessa noite que decidi passear pelas ruas sombrias da cidade.
Caminhei rapidamente no passeio de cimento. Subitamente, senti um arrepio pelas costas e a brisa fria na cara. Tive a sensação de que não estava sozinho... que estava a ser perseguido.
Olhei para trás, mas ninguém estava lá.
-Devo estar a sonhar.- disse baixinho a mim próprio.
-Mas não estás, meu amigo.- respondeu-me uma voz forte e rígida.
Admito agora que a minha alma quase saltou do meu corpo ao ouvir isso. Voltei a olhar em frente e encontrei-me cara-a-cara com um homem, bem alto, vestido num fato cinzento e com um chapéu a esconder-lhe a cara.
-Hum...-começou ele, apoiando-se na sua bengala- és um rapaz determinado, mas pouco organizado e misterioso.
-E o que te leva a dizer isso?- perguntei eu , chocado com o homem.
-Como não fugiste quando me viste, és um rapaz teimoso, determinado. Tu levas contigo um bloco de notas que utilizas para anotares o que tens que fazer, ou seja, esqueces facilmente, que é o mesmo que não ser bem organizado. Também te vestes com roupas de cores escuras. Estás sempre a tentar esconder, mas não das outras pessoas. Escondes segredos.
Tentei falar, mas não consegui. Fiquei espantado com as deduções dele. Tive que engolir o meu orgulho e admitir-lhe.
-Uau! Como é que conseguiu fazer isso?
-Elementar, meu caro.- respondeu ele- Isto é o poder de dedução.
-Já que sabe tanto sobre mim,- disse eu – diga-me algo sobre você
-Porque não me dizes tu?- respondeu-me ele, sorrindo.
Para mim, foi um quebra-cabeças .Que fazer? Que dizer? Dizer-lhe algo sobre ele? Ele é que fazia as deduções! Tive que me concentrar. A sua maneira de falar o facto de se apoiar numa bengala, a maneira como vestia...lembravam-me alguém que me era familiar...
-És Inglês.- comecei eu- És certamente de cá, tens por volta de 40 anos e trabalhas para a polícia.
Ele felicitou-me com uma salva de palmas. Estendeu-me a mão e apertei-o com toda a felicidade.
-Parabéns, meu caro.- disse ele- Agora, se me deres licença, tenho assuntos a tratar.
-Mas como se chama?- eu perguntei, curioso.
Olhou para mim, com um sorriso terno, como se eu já soubesse a resposta. E assim, desapareceu no nevoeiro.
E foi primeira e última vez que o vi. Na manhã seguinte segui os mesmos passos. Encontrei-me em Baker Street, a rua dos padeiros, a frente do apartamento 221B. Foi nesse momento que deduzi quem era ele. E tu, sabes quem é?
Sean Michael S-Johnson, aluno do 9ºC
14:30 | | 0 Comments
Hoje, dia 8 de Julho de 1497, dia histórico para Portugal, encontro-me, aqui,, no areal da Praia de Belém, para assistir à largada da armada de Vasco Gama para a Índia.
08:07 | | 0 Comments
10:37 | | 0 Comments
Visita na Casa- Fundação Eça de Queírós
Decorridas duas horas, chegámos à Casa de Tormes, fonte de inspiração para o romance “A Cidade e as Serras”, após muitas curvas, alguns enjoos, e muitas canções ao som da viola.
Antes de sermos divididos em dois grupos para uma visita mais profícua, tivemos oportunidade de apreciar a paisagem da região do Douro, envolvente à Casa, lugar onde, num pequeno auditório, visionámos um documentário respeitante à vida e obra do escritor, intitulado de “Eça de Queiroz – Realidade e Ficção”, título que, segundo a nossa guia, explicar-se-ia pelo motivo de ser possível reconhecer nas obras de Eça, traços e aspectos da sua vida privada, dos locais por onde passou, das experiencias que vivenciou.
Seguiu-se uma visita, também ela guiada, à Casa onde estão reunidas várias peças do também membro da Geração da Setenta, nomeadamente a mesa alta, onde Eça escrevia de pé, inúmeros livros pertencentes à sua biblioteca e outros mais objectos pertences ao escritor.
A visita à Região do Douro Vinhateiro culminou com a ida ao Museu do Douro, espaço que reúne, conserva e divulga o património tão rico e tão vasto da região.
Todo o ambiente da viagem foi bastante agradável, graças à colaboração dos alunos e do
seu comportamento e ao trabalho, organização e esforço dos professores, razões estas que permitem compreender o sucesso da viagem, que para além de ter permitido um contacto entre alunos-professores, permitiu a nossa consciencialização da importância da preservação do nosso legado cultural que constitui a nossa identidade nacional, também marcada pela obra ímpar de José Maria Eça de Queiroz. ( Beatriz, 11º C)
07:33 | Etiquetas: BE, Nelas, PNL | 0 Comments
Texto Criativo
O texto que se apresenta nasceu da veia criativa da aluna Catarina Almeida, depois de ter assistido a uma curta representação teatral do Teatro mais Pequeno do Mundo:
Quarta-feira. Chuvosa, triste, mal-encarada, com o sol a rasgar a meio as nuvens de Dezembro. No meio do betão, Penélope erguia-se, majestosa, qual divindade grega no alto do Olimpo. Engane-se quem julga que descrevo um quadro de Miguel Ângelo adaptado à sociedade moderna em que vivemos. Refiro-me a Penélope, uma caravana (minimalista, diga-se de passagem) onde o teatro se ergue pela mão de um ou dois actores, em sessões de 5 a 10 minutos.
Entrámos um a um. Devagar, não fosse a pequena ceder ao peso dos visitantes, acomodámo-nos: a plateia e as bancadas apinharam-se. A porta não fechava. Moldaram-se os corpos, cruzaram-se as pernas e respirou-se fundo para que todos coubessem. A porta fechou. E eis que, no palco, surgem a medo, as primeiras personagens do espectáculo. Um jogo de sombras, fazendo lembrar o teatro chinês e japonês, ganhava forma pelas mãos do actor presente. Sentado no chão, insuflava vida a folhas, penas, pedaços de cartão e plásticos, e no lençol, perdão, na tela suspensa no palco, a história ganhava vida. Penélope respirava e transpirava força ao ritmo do xilofone habilmente tocado, e as tais penas, folhas e cartões, por falta de espaço, roçavam-me as pernas constantemente. Rouxinóis, árvores com ramos de penas, óvnis de cartão preto povoavam a tela já gasta do auditório. Na mesma, os olhos cravavam-se sedentos e a respiração era quase inaudível.
Chegou depois o corvo. A narrativa de um homem afligido por uma ave da qual não se conseguia ver livre. A história, deliciosa, extraordinariamente bem representada apenas por uma actriz, auxiliada apenas por um pequeno led, foi, a meu ver, o ponto alto do pequeno grande espectáculo. Sofremos, amámos, chorámos e odiámos aquele pássaro tanto ou mais que a actriz.
Saímos. Contrafeitos. Chocaram-me a luz do exterior e a realidade, algo normal para quem acabara de sair de outra dimensão.
Simples. Deslumbrante. Cativante. Eis os três adjectivos que melhor caracterizam o espectáculo que presenciámos. Sem a sumptuosidade de La Féria, as árias de Mozart ou os textos de Shakespeare, esta versão do teatro puro e duro, minimalista e maravilhosamente bem construído, soube-nos a pouco. Terrivelmente pouco.
( Catarina Almeida, 11º A)
02:04 | Etiquetas: Teatro mais Pequeno do Mundo ; ESN; escrita criativa | 0 Comments
Quando o sonho se concretiza...
15 de Setembro, 2011
Esse não foi um dia igual aos outros.
Nesse dia não houve café. Não houve Nirvana, Oasis ou Red Hot. Não houve Gallagher ou Cobain a cantar-me ao ouvido. Não houve sequer chocolate.
O carro devorava o alcatrão negro em garfadas silenciosas. Atrás, nos bancos pretos de couro, a minha mãe tagarelava com uma amiga que decidira acompanhar-nos. De olhos cravados na estrada, de bigode farfalhudo e já grisalho, o motorista repetia vezes sem conta o mesmo tique: o polegar da mão direita erguia-se repentinamente, em intervalos regulares. O meu dedo mindinho clamava por liberdade; ele, que sempre se acostumara a um qualquer par de Converse, via-se no momento entalado num sapato brilhante e imaculadamente branco.
A minha mãe falava.
E a amiga falava.
E o polegar do motorista continuava a erguer-se.
E eu, queda e muda, mantinha-me direita porque a minha mãe havia-me dito para manter as calças minimamente apresentáveis. Sinónimo de: não mexe, não respira.
A minha mente vagueava perdida, pousando ora num trecho de Under the bridge, ora numa qualquer folha de “ A filha de Rasputine”. Os Pixies tocaram Where is my mind umas três vezes na minha cabeça; Bono chegou depois, mas só cantou o refrão de Sunday Bloody Sunday. Recordei rostos e vozes, cheiros e lugares. Anotei mentalmente umas quantas frases que me haviam surgido; revi o 4º acto do Hamlet de Shakespeare.
Setúbal ia parecendo mais perto.
E finalmente chegou. Logo na entrada da cidade, um grande placard anunciava «Bocage, rei por um dia » Cheirava já a mar e a sossego naquele final de tarde preguiçoso.
Não sei o que me passou pela cabeça para participar num concurso daqueles. Desvario? Loucura?
Encontrei escadas de mármore suavizadas por carpetes encarnadas, escrupulosamente esticadas sob os varões de metal. A ladeá-las, dois enormes castiçais de ferro sustentavam lâmpadas que imitavam as antigas velas. E ao cimo, uma porta monstruosa de madeira trabalhada abria-se de par em par, revelando o salão nobre.
De repente, senti-me pequenina. Queria ir-me embora, queria que fosse engano. Não sabia o que fazer ou dizer. Mas alguém me impeliu a entrar.
Os tectos altos brilhavam e Bocage fitava-me, com o seu olhar azul, do mural que se encontrava numa parede. Havia seguramente uma centena de cadeiras, forradas de tecido vermelho, algumas encontrando-se já ocupadas. Senti-me perdida, desnorteada. Dirigi-me a um senhor que parecia encaminhar os presentes para os seus devidos lugares e comuniquei-lhe que vinha para a entrega dos prémios. Sorriu-me e perguntou-me se era a “famosa” vencedora em revelação. Acenei-lhe afirmativamente e indicou-me a última cadeira da segunda fila. Entretive-me a ler os panfletos pousados e esqueci-me onde estava. Só depois acordei, com a voz de um senhor idoso sentado ao meu lado.
“Parabéns”.
Esbocei um sorriso e agradeci, e então percebi que estava lado a lado com os restantes vencedores. O senhor que me felicitara era nada mais do que o vencedor na modalidade poesia. Ao lado, um outro, de óculos e detentor de uma calvície bastante pronunciada perdia-se também na leitura dos folhetos.
Pousei as folhas sobre o colo, mas as minhas pernas tremiam tanto que era impossível mantê-las imóveis. O poeta sentado ao meu lado iniciou uma pequena conversa, comunicando-me que o prémio que iria receber seria o seu 1300º, mais coisa, menos coisa. Fiquei incrédula; o coração martelava-me no peito, tão forte que me chegavam a doer as costelas.
Um senhor aproximou-se, trazendo estampado no rosto um sorriso rasgado. Apresentou-se como Rui Farinho, e rapidamente o reconheci como o membro da LASA que me havia contactado. Depois, foi um frenesim de apertos de mão, “obrigados”, beijinhos e “muito gosto”. Eu esboçava um sorriso e acenava enquanto uma panóplia de faces e nomes desfilavam à minha frente. Entregaram-me um ramo que continha um girassol pequenino; contei todas as pétalas para me abstrair dos olhares que se cravavam nas minhas costas.
A cerimónia começou, finalmente. Houve discursos, música, apresentação dos convidados e demais. Sentia o coração querer saltar para fora. Respirava profundamente, para mantê-lo lá dentro. O porquê da escolha dos textos vencedores foi, sem dúvida, um momento que jamais esquecerei. Só ali percebi que se tratava de um importante concurso literário a nível nacional e que possuía já reconhecimento além fronteiras. O prémio Bocage era cobiçado por muitos e ali estava eu, sem saber o que tinha recebido. Foi ter o meu suor e lágrimas valorizados a um nível a que nunca pensei chegar. Ter o meu trabalho reconhecido e distinguido entre mais de 200 trabalhos.
Despedi-me rapidamente, pois tinha ainda várias horas de viagem. Ficaram-me gravados na memória os olhos sábios do júri, os acordes das guitarras que animaram o espaço, o carinho de Setúbal.
Na viagem para casa, ainda lá atrás se tagarelava, duas lágrimas pequeninas rolaram pela minha face. Não sei de que eram feitas. Talvez do medo que deixei para trás, da alegria, do alívio, da honra que havia merecido. Não sei.
Mas definitivamente, esse não foi um dia igual aos outros.
http://issuu.com/lopescarla/docs/catarina_almeida_-_entrevista/1
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