Conto de Natal - Livro Digital

No âmbito da Oficina de Escrita, realizada semanalmente na aula de Português, 10º ano,  e na sequência do estudo dos textos autobiográficos e memorialísticos, os alunos foram convidados a escrever, também eles, uma carta. Eis alguns exemplos:

 
 
Carta a um Antepassado

 
                                                             Sala 11 da Escola Secundária de Nelas, 10 de outubro de 2013


Meu amigo Ulisses,

            Escrevo-te esta carta com o objetivo de te avisar do horror que a Humanidade está a passar. Aí, na tua época, já deves começar a sentir algumas mudanças: maior necessidade de armas, maior procura de poder, etc. Aqui, em 2013, 70 anos pós o culminar de duas gigantescas e horrendas guerras, guerras essas que dizimaram milhões de pessoas, sentimos raiva pela pressão,  pelo controlo, pelo poder que uns países exercem sobre os outros, os mais fracos, claro. Guerras, guerrilhas, lutas, crises, massacres, agiotagem, tráfico de influências, tudo isto pode resumir os nossos acontecimentos recentes.

         A Humanidade, a maior criação dos deuses (não apenas dos deuses, mas como a tua realidade se centra nos deuses, não te irei explicar isto, por agora) estragou-se, está como o céu estaria sem estrelas. Perdeu todas as suas maiores qualidades.
             Apesar de tudo isto, a Humanidade alcançou enormes feitos. Sem dúvida .Grandes cientistas gregos, romanos e árabes irão, daí a algum tempo, inovar o cálculo, a medicina, a literatura, entre muitas outras áreas do saber; o Homem inventou formas de prolongar a vida, melhorando, tanto a qualidade como a esperança média de vida, que agora é de cerca de 78 anos para os homens e de 80 anos para as mulheres. Apesar disto, as fórmulas que o Homem tem para tirar uma vida também aumentaram, o que não é nada bom. Assim, inventámos novas formas de andar pelos céus – os aviões – e de andar por terra – o carro; podemos falar com pessoas muito afastadas de nós, e até vê-las; e,  imagina ,o Homem até conseguiu sair da Terra, o seu maior feito!
           Os teus feitos ainda no nosso tempo são reconhecidos, tendo-se mantido a tua viagem lendária, tal como o será quando a realizares. És reconhecido como o Homem mais famoso da Grécia Antiga. Já agora, revelo-te  o segredo para derrotares a Hidra : é fazeres com que ela olhe nos olhos da Medusa. Agradeces-me depois ;)
       Já agora, como te corre a vida? Já encontraste a Penélope? Vocês fazem um casal extraordinário!
                       Um abraço!
                                      Do teu tetra(x 20)-neto!

                                                       Gervásio Ulisses da Silva

P.S.: Não brinques nem  irrites os deuses. A sério, não ! Limita-te à tua insignificância de Ser Humano.
P.S.S.: Tenta encontrar a fórmula da cerveja, é mesmo boa, vais ver. Leva cevada e tem de fermentar, e mais não digo.


 
Carta aos meus Antepassados

Nelas, 10 de Outubro de 2013

 
           Meus desconhecidos antepassados do neogénico,

Espero que tudo vos corra bem.Escrevo-vos através deste instrumento mais associado ao vosso tempo do que ao meu, “a carta”, que está escrita “na folha”.Escrevo-vos para vos informar acerca das novidades dos meus tempos no qual vocês não passam de um objeto de estudo dos “cientistas”.
Vou começar pelo básico. “A roda”, aparelho que serve de base para o transporte facilitado de tudo, desde objetos a pessoas. Serviu de base para um dos equipamentos mais utilizados na atualidade “o carro”. Estes circulam “nas estradas”, grandes caminhos nos quais andam “os carros”.
Foi também inventado um aparelho que emite uma série de imagens, a televisão, e que é capaz de colocar pessoas sentadas durante longas horas a praticar o “nada” sem ser olhar para ela.
É também bastante utilizado um aparelho que permite a duas pessoas em pontos distantes comunicarem entre si, “o telemóvel”. Afeta principalmente as mulheres, uma vez que, quando o usam, não o largam durante horas.
Aproveito também para falar de locais com uma dimensão enorme nos quais várias pessoas gastam grandes quantidades de “dinheiro[1]” em objetos que, na maior parte das vezes, não servem para nada.Falo-vos também “da política”. Quem se dedica a esta atividade tem por hábito “discutir aos berros uns com os outros” (às vezes, um bocado como vocês) encarando isso como uma profissão.
Poderia falar-vos de muitos outros assuntos da atualidade: o futebol, a crise económica, a corrupção e o Pinto da Costa (que não está de maneira nenhuma relacionada com o anterior), contudo a professora de Português não me deixa escrever mais, portanto vou ter de parar.

Do vosso descendente,

                                       Francisco Marques


P.S- Envio um dicionário para o caso de não perceberem nada (http://www.priberam.pt/DLPO/)



[1] Moeda de metal ou papel que representa um valor fixo que é aceite como forma de pagamento.



 

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